quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mitologia Grega - As Erinias

Da união com a sua irmã, nasceu Éter, o ar e Hemera, a luz do dia. No decurso da guerra dos Titãs contra Zeus e os Olímpicos, Érebo toiflou o partido dos Titãs e, por isso, foi atirado para as profundezas do Tártaro (o Tártaro, cujo nome não é senão uma displicente onomatopeia,
representava, no centro da terra, a prisão dos rejeitados).

Erínias
Quando Cronos mutilou o seu pai úrano, a fim de lhe roubar o trono e opoder, este verteu algum sangue sobre a terra. E deste sangue nasceram as Erínias. O seu número não é determinado, mas habitualmente só se cita o nome de três delas: Alecto, Megera e Tisífone. Elas são representadas com a forma de gênios alados e cabeleira de serpentes ("Para quem são estas serpentes que silvam sobre as vossas cabeças?" - estas são as palavras que Racine coloca na boca de Orestes,
delirante), empunhando tochas ou chicotes. A sua morada fica na obscuridade dos Infernos, o

Érebo.
As Erínias têm como função proteger a ordem estabelecida e vingar todos os delitos capazes de a subverter, quer se trate do orgulho que faz o homem esquecer os seus limites e a sua condição de dependente quer se trate de crimes, cometidos pelos mortais ou mesmo pelos
deuses, pois as Erínias, nascidas da mais antiga divindade do panteão helénico, têm autoridade sobre todos os deuses das gerações posteriores, incluindo Zeus. Elas encarniçam-se sobre as suas vítimas (Édipo, Orestes e tantos outros) como cadelas - Sartre dirá: como "moscas" - até as levarem à loucura.
Os homens julgaram poder conquistar o favor das Erínias, dando-lhe um cognome lisonjeiro: as Eurnénides, ou seja, as Benevolentes (este é o título da segunda tragédia da Oresteia).
Os Romanos assimilaram as suas Fúrias às Erínias gregas.
As duas primeiras tragédias da Oresteía de Ésquilo (Agamémnon e As Coéforas) encontraram um tradutor genial em Leconte de Lisle, sob o título As Erínias (1873). A música de cena foi escrita por Massenet.

As Erínias (Fúrias para os romanos – Furiæ ou Diræ) eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nemesis punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Inominável).
Viviam nas profundezas do tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o deus Urano foi castrado por Cronos. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente.
As Erínias, deusas encarregadas de castigar os crimes, especialmente os delitos de sangue, são também chamadas Eumênides (Εὐμενίδες), que em grego significa as bondosas ou as Benevolentes, eufemismo usado para evitar pronunciar o seu verdadeiro nome, por medo de atrair sobre si a sua cólera. Em Atenas, usava-se como eufemismo a expressão Semnai Theai (σεμναὶ θεαί), ou deusas veneradas.
Na versão de Ésquilo, as Erínias são filhas da deusa Nix, da noite.
Supunha-se elas serem muitas, mas na peça de Ésquilo elas são apenas três, que encarregavam-se da vingança e habitam, segundo as versões, o Érebo ou o Tártaro, o inframundo, onde descansam até que são de novo reclamadas na Terra. Os seus nomes são:
Alecto, (Ἀληκτώ, a implacável), eternamente encolerizada. Encarrega-se de castigar os delitos morais como a ira, a cólera, a soberba, etc. Tem um papel muito similar ao da Deusa Nêmesis, com diferença de que esta se ocupa do referente aos deuses, Alecto tem uma dimensão mais "terrena". Alecto é a Erínia que espalha pestes e maldições. Seguia o infractor sem parar, ameaçando-o com fachos acesos, não o deixando dormir em paz.
Megaira, que personifica o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme. Castiga principalmente os delitos contra o matrimônio, em especial a infidelidade. É a Erínia que persegue com a maior sanha, fazendo a vítima fugir eternamente.Terceira das fúrias de Ésquilo, grita ininterruptamente nos ouvidos do criminoso, lembrando-lhe das faltas que cometera.
Tisífone, a vingadora dos assassinatos (patricídio, fratricídio, homicídio…). É a Erínia que açoita os culpados e enlouquece-os.
As Erínias são divindades ctónicas presentes desde as origens do mundo, e apesar de terem poder sobre os deuses, não estando submetidas à autoridade de Zeus, vivem às margens do Olimpo, graças à rejeição natural que os deuses sentem por elas (e é com pesar que as toleram, pois devem fazê-lo). Por outro lado, os homens têm-lhe pânico, e fogem delas. Esta marginalidade e a sua necessidade de reconhecimento são o que, segundo conta Ésquilo, as Erínias acabam aceitando o veredicto de Atena, passando mesmo por cima da sua inesgotável sede de vingança.
Eram forças primitivas da natureza que actuavam como vingadoras do crime, reclamando com insistência o sangue parental derramado, só se satisfazendo com a morte violenta do homicida.
Porém, posto que o castigo final dos crimes é um poder que não corresponde aos homens (por mais horríveis que sejam), estas três irmãs se encarregavam do castigo dos criminosos, perseguindo-os incansavelmente até mesmo no mundo dos mortos, pois seu campo de acção não tem limites. As Erínias são convocadas pela maldição lançada por alguém que clama vingança. São deusas justas, porém implacáveis, e não se deixam abrandar por sacrifícios nem suplícios de nenhum tipo. Não levam em conta atenuantes e castigam toda ofensa contra a sociedade e a natureza, como por exemplo, o perjúrio, a violação dos rituais de hospitalidade e, sobretudo, os assassinatos e crimes contra a família.
As Erínias são representadas normalmente como mulheres aladas de aspecto terrível, com olhos que escorrem sangue no lugar de lágrimas e madeixas trançadas de serpentes, estando muitas vezes acompanhadas por muitos destes animais.Aparecem sempre empunhando chicotes e tochas acesas, correndo atrás dos infratores dos preceitos morais.
Na Antiguidade, sacrificavam-lhes carneiros negros, assim como libações de nephalia (νηφάλια), ou hidromel.
Existe na Arcadia um lugar em que se atopam dois santuários consagrados às Erínias. Num deles, elas recebem o nome de Maniai (Μανίαι, as que volvem todos). Neste lugar, segundo a lenda relatada por Ésquilo na sua tragédia As Eumênides, perseguem a Orestes pela primeira vez, vestidas de negro. Perto dali, e segundo conta Pausânias, apontava-se outro santuário onde o seu culto associava-se ao das Graças, deusas do perdão. Neste santuário purificaram a Orestes, vestidas completamente de branco. Orestes, uma vez curado e perdoado, aplicou um sacrifício expiatório às Maniai.


Fonte: https://plus.google.com/u/0/102120734982876073100 - acessado em 01/08/2013

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