sábado, 22 de junho de 2013

Mudança de época ou época de mudança? Arena ou Ágora

A história da humanidade é uma história de construção e fragmentação de coerências e correspondências que ficam obsoletas a cada nova época histórica. Diferentes modos de interpretação e de intervenção coexistem em cada época, mas alguns dominam dentro de uma hierarquia forjada por relações assimétricas de poder, institucionalizadas em favor dos reclamantes do exercício do poder.

Como numa reação química, antigas ligações assimétricas de poder são destruídas e novas são criadas, numa mudança de época. O contexto da mudança expõe nossas fragilidades - incerteza, fragilidade, instabilidade, descontinuidade, fragmentação, insegurança, perplexidade e vulnerabilidade - e nos leva as novas doenças de século XXI - depressão e estresse. Entramos numa busca frenética por um futuro melhor e somos reféns da competição entre diferentes visões de mundo, que podem até apontar para um futuro indesejável.

Nossa falta de sabedoria é gritante - conseguimos avanços tecnológicos impressionantes, mas quanto mais mais temos, menos somos, e o que mais falta nos faz é: sermos mais humanos. Lembremo-nos de que nossas atitudes de hoje estão gerando nossos problemas de amanhã, e, ao forjarmos nossas instituições e sociedade de amanhã, podemos, inclusive, nos extinguir.

Então nossa missão, neste momento crucial, é impedir que os que sabem fazer - os especialistas (cientistas, consultores, etc) - sejam os únicos a decidir o que deve ser feito. O primeiro momento da mudança deve concentrar-se nos fins, isto é, a premissa orientadora da mudança deve ser externa, centrada no contexto cambiante. A sustentabilidade emerge, ascende, declina e pode ser extinta num processo de negociação permanente com os atores do desenvolvimento. Nossa busca por coerência e correspondência é um motocontínuo.

Um futuro melhor virá da construção de arenas ou Ágoras? É certo que a proliferação de Ágoras e a disseminação da solidariedade e prática do amor tem potencial realizador positivo. No desenvolvimento somos anjos de uma asa - não conseguimos voar se não estivermos abraçados, aos pares. Na globalização, a metáfora da arena não constrói uma aldeia global, pois não cria integração. E será que o custo da integração tecnológica, interdependência econômica, fragmentação politica e desintegração social compensa? Até quando?

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