sábado, 6 de julho de 2013

A copa das mobilizações

A “Copa das Mobilizações” começou com a luta contra os R$ 0,20 (vinte centavos) de aumento das tarifas de transporte e os altos custos da Copa do futebol, mas pode terminar com a população pagando R$ 500.000.000,00 por um plebiscito pouco efetivo e intempestivo.
Houve conquistas como a redução das tarifas de transporte, o fim da PEC 37, a destinação dos royalties do petróleo para educação e saúde (mas as estimativas são que os royalties gerarão, no máximo, 0,15% do PIB para a educação e saúde), a lei que torna a corrupção crime hediondo (será que o adjetivo vai resolver?), o provável fim do projeto da “cura gay”, o cancelamento da verba de R$ 43 milhões para a Copa, a prisão do deputado Natan Donadon, e a sensação, para o povo que trabalha em Brasilia que as coisas vão se tornar um pouco mais dificil por lá.

Todavia, o Brasil continua na lanterninha da educação de qualidade. O SUS é um desastre, sendo universal somente na péssima qualidade dos serviços prestados. A extrema pobreza foi reduzida, mas as novas classes médias têm sido incluídas, fundamentalmente, no mercado de consumo e não na sociedade cidadã, com qualidade de vida e com fortalecimento do capital social. Os carros continuam engarrafando as ruas, enquanto o transporte público definha. O país continua explorando combustíveis fósseis e fazendo hidrelétricas na Amazônia, ao invés de dar prioridade absoluta às energias renováveis e limpas (com liberdade para as águas). O desmatamento (que aumentou no ultimo mes) e a destruição dos ecossistemas continuam no mesmo rítmo implacável.
As mortes por acidentes de trânsito e homicídios continuam matando os jovens brasileiros. Diversas prefeituras municipais estão insolventes. Os indicadores macroeconômicos estão seguindo rumo insustentável, etc.
Ou seja, os problemas econômicos, sociais e ambientais do Brasil (à despeito dos avanços) não foram resolvidos e nem adequadamente agendados nas definições das políticas públicas. Se faz necessário a mudança do modelo de desenvolvimento brasileiro e na forma de funcionamento de suas instituições democráticas. Os verdadeiros líderes aparecem, exatamente, nos momentos de crise e a mensagem que as revoltas populares deixaram é que o povo quer mais do que opinar sobre meia dúzia de questões sobre o sistema político.
O governo federal, seguido pelos estaduais e municipais são surdos ou se fingem de surdos, e a reforma necessária é de base, invertendo a direção das politicas publicas, em todas as esferas. Mas disso, nenhum politico quer falar.
Mas o verdadeiro custo pode aparecer quando a população que ocupou as ruas perceber ou sentir, em um futuro próximo, que as dificuldades continuam as de sempre, a possível reforma política não alcançou os objetivos da efetiva participação cidadã e os reais problemas do Brasil foram apenas, uma vez mais, empurrados com a barriga.

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